quinta-feira, 26 de maio de 2016

Eu hei de ir
impossível escapar do beijo Seu
ou
dizer “Não!” ao seu ressoar
Hei de ir, sim...
pode ser amanhã
quando da leitura tua
ou lá adiante, num domingo qualquer
poderá ser verão ou noite
chuva ou canção de Luiz Gonzaga (no mês de junho)
em qualquer que seja o naipe
ouvirás de mim, durante a marcha:
“Eu amei!”
amei demais, camarada.
mais, do que pude? do que foi permitido?
(quem me diz a medida exata do amor...)
eu caminho para o trabalho e vejo pessoas
são faces e histórias emolduradas em janelas
olham para mim alheias ao poema que nasce
alheias ao tempo que morre
nunca saberão das flores que carrego dentro do peito
tampouco dos espinhos que nas Rosas feriram meu olhar
podem nunca mais me ver passar ali outra vez
assim como posso nunca mais vê-las em estado de Van Gogh
o policial me acena
meu sapato está gasto
encontraram um escorpião no piso da cozinha
não chegou nenhum torpedo de bom dia hoje
mas tem um passarinho na árvore olhando pra mim
e ele canta...
Eu hei de ir...
quando for o tempo do não mais
com um pouco de sorte
alguém escreverá num cantinho qualquer:
“Aqui repousa uma matéria poética.
Restos de um homem que viveu,
fez versos; e ousou amar...”
Lualves. Maio.2010

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