quarta-feira, 15 de junho de 2016

Nosso Leito

Poema "Nosso Leito", de autoria de Ana Isabel Rocha Macedo e Lualves, interpretado por Antonio Maciel, no CD "Um Som da Poesia":

Sobre o Tempo...

"Sobre o Tempo...", do CD "Um Som da Poesia". Interpretação de Antônio Maciel, poema de Lualves:

Um Som da Poesia

Entre março e outubro de 2001 foi realizado o projeto "Um Som da Poesia". Um CD com poemas de Lualves, interpretados por Antonio Maciel. Das alegrias que tivemos com esta obra, destacamos a honra de termos a escritora Ana Isabel Rocha Macedo fazendo a apresentação deste trabalho. Ouçam-na:


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Fora de Pauta


O Poema está em casa!

não está na pauta do palco na praça principal
tampouco será visto pelo povo que passeia no jardim das borboletas

não está no sapateado, no tablado, no alpendre pendurado
há até quem pense que poderia (poucos), mas não está

o Poema não consta na lista de espera
nem na bolsa da prostituta
não tem índice BOVESPA
ou qualquer coisa assim

não disputará eleição
não estará nas prévias de partido algum
porquanto o poema é pétala e aroma de sândalo
mesmo quando pedra, pau, espinho e solidão

o Poema não será abençoado pelo Papa
porque ele não mais aceita os seus postulados

não está na república, como queria Platão
não vale um puto
um pinto
uma pataca

o Poema não está na prateleira
na programação da prefeitura
ou no aparelho da TV

ele não dá IBOPE

o Poema, pessoas,
não tem pedigree!

o Poema pensa e exercicita seu pseudo poder de palavra

paira na janela do décimo andar do prédio da poesia
não quer pular
não vai cair, CALMA!
(do alto de prédios altos caem apenas trabalhadores da construção civil,
sobretudo os carpinteiros e seus pregos)

o Poema, plácido, apenas observa possibilidades
vê a cidade e o povo a passar

o Poema foi e ninguem percebeu
o Poema voltou e ninguém viu

porém, em que pese o peso das coisas que não são possíveis
ele, o Poema, prossegue passo a passo
ainda que repousado em seu plástico estridente grito de silêncio

o Poema está em casa, amigos
pulsando com todos os plânctons
da alma oceânica de seu Poeta

simplesmente porque
de algum modo, senhores, pasmem,
ainda é preciso

mesmo que muitos não saibam
o quanto vale o vento brisa
que vem de um mar...

Lualves

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Sobre o Amor

“Amor não se mede”, disse-me uma rosa
quando não havia local para o abrigo
e meus ombros estavam cansados de tantos quilos
e meus olhos chorosos de tantos ais
“Amor não se cobra”, disse-me outra flor
outrora – (e foi ali, outro dia!)
quando eu claudicava sobre as pedras do caminho
e minhas dores pareciam bem maiores que as demais
E os dias vem...
E os dias vão...
Mesmo que eu (ou você)
estejamos aqui (ou não)
Mesmo que o risco da rima seja real
Ou que as hienas pareçam dormentes, com seu riso contido,
Ou que verso anterior talvez não revele um sentido
Mas que sentido pode haver num poema que só quer falar de amor???
O Amor, eu digo
não se esquece – aquece
não se nega – entrega
não se maldiz – bem te quis
não volta atrás
– é flecha –
quando acerta, sangra sim!
riacho rubro que escorre e rompe as veias e se vai
corpo afora de mim
Ah.... Que essa massa de dores e saudades se esvaia então
e que eu seja o vinho
e que o céu me beba
e que minha alma se embriague de tudo aquilo que vivi
Aos cães lançarei o que restará de minha matéria tosca
por que a carne voltará ao pó, mas “Eu” habitarei as estrelas!
E se aos Deuses causei inveja, porque amei demais,
não lhes pedirei perdão
pois não lhes pedi para ser poeta
nem trazer dentro do peito,
um universo sentimento
neste tão vasto coração.