segunda-feira, 13 de junho de 2016

Fora de Pauta


O Poema está em casa!

não está na pauta do palco na praça principal
tampouco será visto pelo povo que passeia no jardim das borboletas

não está no sapateado, no tablado, no alpendre pendurado
há até quem pense que poderia (poucos), mas não está

o Poema não consta na lista de espera
nem na bolsa da prostituta
não tem índice BOVESPA
ou qualquer coisa assim

não disputará eleição
não estará nas prévias de partido algum
porquanto o poema é pétala e aroma de sândalo
mesmo quando pedra, pau, espinho e solidão

o Poema não será abençoado pelo Papa
porque ele não mais aceita os seus postulados

não está na república, como queria Platão
não vale um puto
um pinto
uma pataca

o Poema não está na prateleira
na programação da prefeitura
ou no aparelho da TV

ele não dá IBOPE

o Poema, pessoas,
não tem pedigree!

o Poema pensa e exercicita seu pseudo poder de palavra

paira na janela do décimo andar do prédio da poesia
não quer pular
não vai cair, CALMA!
(do alto de prédios altos caem apenas trabalhadores da construção civil,
sobretudo os carpinteiros e seus pregos)

o Poema, plácido, apenas observa possibilidades
vê a cidade e o povo a passar

o Poema foi e ninguem percebeu
o Poema voltou e ninguém viu

porém, em que pese o peso das coisas que não são possíveis
ele, o Poema, prossegue passo a passo
ainda que repousado em seu plástico estridente grito de silêncio

o Poema está em casa, amigos
pulsando com todos os plânctons
da alma oceânica de seu Poeta

simplesmente porque
de algum modo, senhores, pasmem,
ainda é preciso

mesmo que muitos não saibam
o quanto vale o vento brisa
que vem de um mar...

Lualves

13 comentários:

  1. Ahhh e como é importante a brisa... Como é importante... pra alma. Pra continuar poetizando...

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    1. Sylvia, Obrigado pela leitura!!! Feliz aqui vendo que a brisa bateu aí...

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  2. Ahhh e como é importante a brisa... Como é importante... pra alma. Pra continuar poetizando...

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    1. Sylvia, Obrigado pela leitura!!! Feliz aqui vendo que a brisa bateu aí...

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  3. Onde está o seu poema? Está em tudo...? Está no nada...? Onde têm amigos, tem poema! E sempre que uma onda bater na praia deixando sua brisa, haverá um poema...!
    👏👏👏👏👏 para o poema em pauta e para o poeta do poema!

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    1. Bom dia , Norminha,

      Muito agradecido pelas gentis palavras. Escrevo poemas desde os 13 anos. Naquela época era quase uma brincadeira, eu acho. Aos 16 eu me achava "pronto". Aí, numa gincana, lá por esses idos, um Poeta renomado de minha cidade, ridicularizou um poema que eu havia feito justamente para homenagear uma dezena de poetas que foram "objetos" da tarefa em questão. Debochou dos meus versos na frente de todos, dizendo que "isso aqui não é um poema, quem escreveu?". Apresentei-me. Ele continuo, apoiado por outro medalhão: "Como pode? Fazer uma homenagem para os grande poetas da cidade com isso aqui?". Eu, jovem muito, peguei meu poema e fui pra minha casa. Chegando lá eu chorei muito. Bem, o resto da história eu vou deixar para que o Sedrick conte. Ele que entende de Narrativas. Eu, faço apenas versos...

      Sim, a Poesia está nas coisas, latente, a espera dos olhares sensíveis para vir a SER. Olhos seus que têm essa magma criadora de perceber a beleza de um poema.

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    2. P.S - Norminha, O Poeta renomado tinha certa razão: O poema tecnicamente era uma bobagem. Eu aos 16 anos não estava "pronto", assim como hoje não estou. Isso também é outra bobagem. Quero ser essa coisa inacabada, imperfeita...

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    3. Acho que poetas não eram... críticos talvez... mas poetas, não eram! Poetas, Luaves, vêem a poesia, onde outros não a enxergam... se eles não a viram em teus escritos, poetas não eram eles... eras tu!

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  4. Onde está o seu poema? Está em tudo...? Está no nada...? Onde têm amigos, tem poema! E sempre que uma onda bater na praia deixando sua brisa, haverá um poema...!
    👏👏👏👏👏 para o poema em pauta e para o poeta do poema!

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  5. POETA Lualves....
    E eu que hoje mesmo, antes sequer de ver este poema, eis que só agora (21h24min) venho aqui, chamei de vento um nosso conhecido, o Sedrick, chamado Yuri!!!
    Diria meu pai: atirei no que vi, acertei o que não vi!

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    1. Bom dia, nobre Escritor,

      Eis que somos brisa boa. Ás vezes, vendaval, sim!!! É coisa de poeta navegar na contramão...

      Obrigado sempre!

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  6. Mas, meu poeta querido, alma amiga de minh'alma, o poema não importa onde esteja. O que importa deveras é a POESIA. E esta pode estar até debaixo do NOSSO LEITO, aquele poema que um dia construímos juntos.
    Lembras?

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  7. Querida Ana,

    Tens razão... é o que importa... a Poesia e o ato da escrita, para que o ato da leitura advenha e a emoção se faça completa nesse eterno círculo. Lembre-mo!! Claro!! Como não? Ainda ontem eu via o vídeo de lançamento de "Um Som da Poesia" e ouvia você falar. Coisa tão bonita de se ver que eu sempre me emociono quando vejo. Também ao longo da semana e folheie "Malva". Reli a sua dedicatória datada de 1997. Faz tempo, não é? No vídeo que citei a pouco você fala de como nos conhecemos. Lembras?

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