"Ice" Café
Sabor gelado
que minha boca toca...
Quanta custa
esse café que sorvo agora?
Não o que será
pago, no final das contas,
falo do custo do açúcar do
Gullar,
com quem “comverso” agora ,
suada brancura que adoçou o seu café
numa certa manhã em Ipanema
cana de outrora que não foi produzida por Ele
nem surgiu nesse poema por milagre
tal qual o casal a minha frente que sequer pode imaginar
que pela
casualidade fatal
fatalmente
entraria neste universo-verso
grãos que viciam a
gente...
Será que, de
alguma maneira, há qualquer tipo de
ligação entre eles,
eu, o Poeta, Seu açúcar e o meu café, cujo preço
me custa calcular?
Qual o custo
das coisas que me cercam? A que custo estou aqui?
E esses milhares de pessoas caminhando sobre esse chão reluzente
dispostos a gastar e pagar pelas coisas muito mais do que elas parecem valer
Há lógica
nessa matemática? Ah, Deus meu,
se eu fosse economista não me
custaria tanto desvendar essa questão.
A que custo vivo eu e minha morte quanto
valerá???
Morrer custa
caro... e o sonho, qual a valia?
“Pelo menos sete alpinistas estão desaparecidos após serem
atingidos por uma avalanche quando desciam do K2, o segundo maior pico do
mundo, no norte do Paquistão “ – eis a notícia do dia.
Entre um
gole e outro desse doce-amargo que me seduz
a vida e a dúvida seguem em frente
e o poema se vai
catado, seco,
torrado e moído
e mesmo que não queiram (ou creiam) alguns
se foi
processado pela cafeteira que a poesia fez em mim
e que a partir de agora
segue cafetizando
em voce.
Lualves