quinta-feira, 26 de maio de 2016

À Maria, eu me dei.

dei meus dias, meus afetos
sopros profundos que haviam em mim
meu girassol endoidecido de amarelo
dei-lhe a honra do meu mais doce caramelo
que minha vó me deu

e tem mais:
dei meus versos todos, que loucura!

é que o amor endoida a gente, não é mesmo Maria?
será que pesou em seu colo de alecrim
tanta insanidade minha?

(maldito é o amor que agora me impede de ouvir a voz da lua... ai, meu Deus...onde foi que me avessei? Em que soluço me perdi? Em que praça me engasguei?)

À Maria, eu me dei.

e dei mais:
foi tanto canto de mim
que minhas juntas ficaram frouxas
e minhas pernas se foram magras
e meus varais viraram uivo
e minha voz tornou-se um rasgo
e minhas mãos se abriram em bandas

e o sem fim de flores que colhi pra enfeitar o seu vestido de Maria
será que tu não viu, coração!!!???

Ah! Maria...

... o pior castigo do homem é amar uma ilusão!

passa a noite, passa o tempo
e o amanhã não chega...

olho-me no espelho e percebo atônito
que não há ninguém

no final das contas
sou a sombra do homem pássaro que fui
um dia

vivendo à procura de um rastro de mim mesmo, poesia
uma centelha de verbo que me faça voltar

desse mundo perdido...
... de a Maria.


Lualves.2011

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