terça-feira, 9 de agosto de 2016

Cantiga do Pássaro Viajeiro



Quando eu for embora
Por favor  não chores
Assim como não verás meu pranto
Se acaso tu fores a primeira a partir

Quando eu for embora
Não lamentes
Não abras a porta ao infortúnio da tristeza
Assim como não verás meu lamúrio
Ou minha face escurecida
Se acaso tu fores a primeira a partir

Quando eu for embora
Não maldigas o destino
Esse misterioso Senhor de longas cabeleiras
Assim como não guardarei dele  rancor
Se acaso tu fores a primeira a partir

Não deixes de sorrir a cada acordar (sequer um dia)
Não apagues dos teus cadernos os versos meus
Não retires dos varais nossos sonhos pendurados ao vento
Não ouses negar o inegável
Ou ainda evitar o inevitável
Pois a beleza da mais bela flor
Não a livra do estio da vida
Tudo caminha para o seu fim...

Quando eu for embora
Acena-me com braços largos
E mãos vibrantes e sorridentes
E sorrisos fartos e verdejantes

Quando eu for embora
Deseja-me uma boa jornada
E que os campos futuros sejam
Tapetes de rosas e orquídeas
E que os muros não sejam muros
Cercas de girassóis que sejam

Quando eu for embora,  minha Senhora
Que seja um dia de Sol de Primavera
E na hora do adeus que toquem a nossa música
Para celebrar o eterno amor que fica

Nas asas desse pássaro viajeiro que se vai

Lualves

3 comentários:

  1. Não vá, poeta!!
    Fique e nos alegre... mesmo que estejas triste.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Ah se as despedidas fossem como descrita no texto, não seriam tão dolorosamente sofridas... muito lindas suas palavras poeta .

    ResponderExcluir